A exemplo de tantas Igrejas locais e mantendo a tradição, também Lamego viveu com alegria a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo, o “Corpo de Deus”, de olhos postos no Senhor, participando na Eucaristia e na procissão que percorreu algumas das ruas da cidade, agora com menos colchas penduradas nas janelas e varandas e ainda com alguns fiéis a lançarem pétalas sobre o Senhor que passa.
Os que participam nesta procissão há alguns anos dão-se conta da diminuição de participantes, testemunhando o vazio dos passeios onde há não muitos anos muitos esperavam para “ver passar a procissão”. E este ano, em virtude da hora tardia em que o percurso se cumpriu e do frio que o fim da tarde trouxe, mais visível era o vazio.
Não restarão dúvidas sobre a importância e a beleza que a cerimónia da dedicação do novo altar da nossa Catedral trouxe à já singularíssima celebração do Corpo de Deus, mas o facto adiou a saída da procissão e motivou algum cansaço entre os que vieram de mais longe e a partida a quem tinha outros horários a cumprir.
Neste dia, as paróquias do arciprestado de Lamego são convidadas a participar nas celebrações que o Cabido da Catedral promove e a que o Bispo preside, integrando a procissão, juntamente com Irmandades, Associações, Escuteiros, Forças de Segurança, Militares, Autarcas e Representantes de diversas Instituições locais. O convite às paróquias vem de outros tempos, quando era manifesta a vontade de mostrar a dimensão de um povo crente. A verdade é que muitas das paróquias do aro e seus párocos já não aparecem e, pouco a pouco, a procissão deverá ser cada vez mais uma celebração das paróquias da cidade.
Há alguns anos, juntavam-se ao cortejo processional as crianças do arciprestado que, nessa manhã, haviam comungado pela primeira vez, o que deixou de acontecer, seja porque o número de crianças diminuiu, seja porque as comunidades organizam de forma diferente o seu calendário das celebrações catequéticas.
Dedicação do novo altar
O nosso jornal já havia publicado um texto, da autoria do pároco da Sé, Cón. José Manuel Ferreira, a explicar as razões da remodelação do altar da Sé e a apresentar a simbologia da obra encomendada.
Apesar de se poder agendar a sua dedicação para uma outra data (a festa da Dedicação da Catedral poderia ser uma hipótese), os responsáveis escolheram a solenidade do Corpo de Deus para a cerimónia.
Após a entrada e saudação inicial, D. António Couto benzeu a água e aspergiu a assembleia. Já depois da homilia, que publicamos neste jornal, cantaram-se as ladainhas, seguidas da oração da dedicação e da unção do altar. Depois do rito da unção, um pequeno braseiro para queimar incenso foi colocado sobre o altar e, após a incensação, a iluminação do altar e o revestimento com uma toalha branca.
O novo altar é mais um pormenor, a juntar a tantos outros, que podemos contemplar na nossa igreja-catedral e que os nossos leitores não deixarão de olhar com atenção.
JD, in Voz de Lamego, ano 88/27, n.º 4464, 5 de junho de 2018