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Festas de Nossa Senhora dos Remédios

De 30 de agosto a 8 de setembro, um vendaval de Mãe desde a Madrugada até ao cair do dia

É um verdadeiro e comovente retiro espiritual aquele que agrega uma multidão de peregrinos às seis da manhã entre 30 de agosto e 7 de setembro.
A Novena de Nossa Senhora dos Remédios junta o simples e o belo numa harmonia tecida de silêncio, canto, lágrimas e sorrisos de bondade. O Santuário e respetivas imediações iluminam-se com a fé e o amor de pessoas de todas as idades e proveniências.
Assim se testifica que o mais simples é o mais belo e o mais belo é o mais simples.
Este «povo de rezadores» (D. António Couto) uma vez mais se fez mar que corre a montante, desaguando na Casa da Mãe.
As palavras são as mais simples, as que estão alojadas na alma do povo crente: o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Glória, a Litania. Tudo o que assoma aos lábios provém do coração.
O Grupo Coral foi maximamente inclusivo, alargado a todos os que se mostraram disponíveis e foram tantos, tantos os que se enturmaram com o Coro residente. Dirigido pelo senhor Padre Marcos Alvim, o reconhecido mestre da boa disposição e da bela inspiração, teve no órgão o senhor Prof. António Gonçalves, o senhor Padre José Alfredo Patrício, ao violino a Daniela Gouveia e largas dezenas de vozes que, em uníssono entoaram os louvores divinos e as homenagens à nossa Padroeira.
Foi disponibilizado um vídeo com a gravação do Hino Oficial a Nossa Senhora dos Remédios, musicado e com arranjos do sobredito Padre Marcos Alvim.
O indispensável serviço do Sacramento do Perdão foi assegurado por alguns sacerdotes. O momento mariano e eucarístico, que consubstancia a Novena, incluiu, como proposta de meditação as palavras proferidas por Maria e que os Evangelhos nos legaram. Não foram muitas, mas as necessárias para seguirmos Jesus. Aliás, é o que decorre da última, proferida em Caná: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5).
Nunca é excessivo insistir. Só fazendo o que Jesus diz, faremos a Sua Mãe feliz.
Ao oitavo dia da Novena, é hora de transportar o andor da nossa Padroeira para a Igreja das Chagas. E a multidão que, já era enorme, «alagou-se» em milhares.
Como sempre, o senhor Bispo integrou-se na recitação do Terço (no meio do povo), presidiu à Eucaristia e à superveniente Procissão.
O último dia da Novena tipifica o amor dos peregrinos pela nossa Mãe. As saudades conseguem sobrepujar a fadiga de quem se levanta muito cedo para bendizer a Senhora de Lamego.
Na noite da romaria, foram muitos (sobretudo vindos de longe) que entraram, rezaram e conviveram na Casa da Mãe e respetivas imediações.
Para o ponto maior da solenidade, subiram ao Santuário milhares de pessoas. A Eucaristia, presidida pelo senhor D. António Couto, começou às 10h.
Na homilia, sublinhou que que o «sentido profundo» e o «quadro essencial» das festividades são «o Menino e Sua Mãe».
Neste sentido, «desafio os meus irmãos e irmãs a centrar o olhar e o coração e a vida – porque isto mexe com a minha vida e também tem de mexer com a tua vida, com a nossa vida – em Maria e no Seu Filho, no Menino e na Sua Mãe».

Acrescentou: «Não percamos o sentido profundo da realidade deste dia», pediu D. António Couto, lamentando que, por vezes, o olhar não se fixe na Senhora dos Remédios, no «Menino e Sua Mãe» e se disperse em «coisas secundárias».
D. António Couto lembrou que «Deus é que é o grande ator» e as pessoas têm de cultivar a «recetividade e passividade» para acolher a paz, que é uma «dádiva de Deus».

O senhor Bispo de Lamego lembrou ainda os cinco militares da GNR falecidos no acidente de helicóptero, no dia 30 de agosto, no rio Douro, e os «seus familiares mais diretos e próximo». «Eles não estão perdidos, estão na lista de nomes que não se consegue dissociar de Maria, do Menino e Sua Mãe».

No Pós-Comunhão, foi prestada uma sentida homenagem a Mons. José Rodrigues Guedes, que fazia questão de entoar o «Ave-Maria» de Schubert. A melodia, não por ele mas com o pensamento nele, fez-se ouvir embrulhada em muita emoção.

No final, o Hino a Nossa Senhora dos Remédios coroou uma celebração sentida, vibrante e muito bela. Entre os peregrinos que vieram de muito longe, encontrava-se a Paróquia da Bobadela (Patriarcado de Lisboa) com o seu Pároco. Refira-se que esta comunidade tem como Padroeira precisamente Nossa Senhora dos Remédios.

Pelas 16h, saiu a Procissão de Triunfo da Igreja das Chagas. Todas as artérias da cidade estavam apinhadas de gente crente e devota, quase sempre também lacrimosa.
Os cinco habituais andores, puxados por juntas de bois, rumaram até ao Largo de Santa Cruz, onde foram prestadas as habituais honras militares a Nossa Senhora dos Remédios.
Após a Bênção do Santo Lenho, o cortejo prosseguiu em direção ao Santuário. A multidão recitou os mistérios do Rosário e, na parte final, a Filarmónica de Magueija executou o Hino a Nossa Senhora.
E já caía a noite quando a Mãe regressou a Sua Casa, sempre acompanhada por uma multidão de crentes. Muitos trabalharam na organização desta jornada inolvidável, sob a liderança da Real Irmandade, presidida pelo senhor Cónego José Filipe Mendes Pereira. Da vivência destes dias nunca nos esqueceremos. Para o ano, aqui voltaremos.

 

SAS (Serviço de Apoio ao Santuário), in Voz de Lamego, ano 94/41, n.º 4769, de 11 de setembro de 2024.

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