Síntese diocesana do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade da Igreja

Depois do interregno devido à pandemia do novo coronavírus, foi com entusiasmo que a Diocese de Lamego, através da Coordenação Pastoral, preparou o Dia da Família Diocesana, para Fontelo de São Domingos, agregando a Jornada Diocesana da Juventude, o acolhimento dos símbolos da JMJ e a apresentação da síntese e auscultação diocesana do Sínodo dos Bispos.

Processo de auscultação

- 17 de outubro - abertura do processo sinodal, na Sé de Lamego;
- 31 de maio - encerramento da auscultação diocesana;
- 15 de junho foi entregue a síntese à Conferência Episcopal Portuguesa;
- finais de agosto – seguirá, para Roma, a síntese nacional;
- de dezembro a março - todas as zonas pastorais da diocese foram visitadas, feitos encontros de formação, cerca de 80% das paróquias estiveram nesses encontros;
- estima-se que tenham respondido entre 2500 a 3000 pessoas, cujo resultado foi sendo apresentado em resposta de grupo;
- os inquiridos foram de todas as idades e condições eclesiais (solteiros, casados, divorciados, em união de facto, praticantes, não praticantes, etc.).

Temas mais debatidos:

- participação dos leigos na vida da Igreja;
- trabalho e empenho pastoral dos sacerdotes;
- diálogo da Igreja com a sociedade civil;
- a comunhão entre pessoas, estruturas, paróquias, etc.;
- o clericalismo dos padres e dos leigos;
- a ausência de formação religiosa dos fiéis;
- os divorciados e recasados;
- a baixa prática religiosa (participação dominical).

Assuntos de maior tensão ou discordância:

- a união de pares homossexuais, e o seu respeito da parte da Igreja;
- a ordenação presbiteral de homens casados e o fim do celibato obrigatório;
- a ordenação presbiteral das mulheres;
- a admissão das mulheres ao diaconado permanente;
- eutanásia;
- aborto;
- normas para a escolha dos padrinhos de baptismo.

Aspetos positivos:

- os encontros sinodais foram uma oportunidade excelente para se refletir sobre a vida das próprias paróquias;- a Igreja também escuta as minorias;
- as ordens missionárias são quem leva a voz da Igreja mais longe;
- os acontecimentos de cariz internacional (Jornadas Mundiais da Juventude, Visitas Papais, etc.) levam a voz da Igreja para fora das paredes dos seus templos;
- muito apreciado o esforço que o Papa tem feito no diálogo ecuménico e inter-religioso;
- o Papa Francisco leva muito longe a voz da Igreja e a esmagadora maioria das pessoas (praticantes ou não) identificam-se com o ele e com as suas decisões;
- há muita gente que usa as redes sociais para rezar;
- quem vai à missa afirma que a Eucaristia é essencial para a sua fé;
- os idosos são quem mais fala da Igreja, sem reservas;
- as celebrações ajudam a conviver e a aproximar mais as pessoas umas das outras;
- nas celebrações aprende-se a aplicar o que se ouve;
- as reuniões, os encontros, as formações, são oportunidades excelentes para o diálogo.

Aspetos negativos:

- a sociedade está muito alheada e desinteressada da Igreja;
- a comunicação social é demasiado agressiva com a Igreja;
- os preceitos morais da Igreja caíram em desuso;
- o contexto familiar atual é bastante alheio e indiferente à realidade religiosa;
- muitos batizados têm uma visão muito mercantilista da Igreja;
- celebrações pouco interessantes, para atrair cristãos pouco convictos;
- perda de credibilidade da Igreja, pelos escândalos sexuais;
- tibieza espiritual de sacerdotes e fiéis, imobilismo apostólico e prisão ao tradicional;
- falta de envolvimento dos leigos nas tomadas de decisões dentro da Igreja;
- modos de atuação pastoral divergentes que desautorizam a própria Igreja;
- os leigos sentem dificuldade em ser ouvidos pelo próprio pároco,
- desconhecimento das iniciativas da Diocese, por estas não serem difundidas e incentivadas pelos párocos;
- a Igreja escuta essencialmente os mais próximos e integrados no quotidiano da Igreja;
- os chamados “cristãos praticantes” são, frequentemente, os primeiros a falar mal, a ofender e a passar uma ideia errada do que é ser cristão;
- a Igreja tem mais dificuldade em escutar os não praticantes e os excluídos;
- Eucaristias demasiado ‘pesadas’ e pouco estimulantes;
- participação muito passiva dos fiéis nas celebrações;
- falta de motivação dos fiéis para a intervenção pastoral na vida paroquial;
- falta de estratégia das paróquias para cativar os jovens que se vão afastando;
- sacerdotes pouco cativantes, parados no tempo e com ‘paróquias mortas’;
- autoridade muito concentrada nos padres;
- os movimentos eclesiais estão adormecidos na sua atividade e alguns bastante envelhecidos nos seus membros;
- pedido dos sacramentos apenas por tradição ou pela festa;

Propostas de mudança:

Nível paroquial
- homilias mais simples, mais breves e mais profundas;
- na liturgia: leituras bem pronunciadas, cânticos animados, decoração e limpeza;
- valorizar e fomentar momentos de reflexão interior e mesmo de silêncio;
- mais formação em áreas como: História da Igreja, Bíblia, e Eucaristia;
- mais diálogo com as instituições sociais e culturais;
- os jovens e os idosos deviam ser os mais escutados nas paróquias;
- Eucaristias menos demoradas;
- menos leituras nos atos litúrgicos;
- distribuição mais alargada e rotativa de tarefas e responsabilidades pelos leigos;
- participação dos leigos na homilia, podendo perguntar ou acrescentar algo ao que o sacerdote diz;
- testemunhar a fé nos ambientes que congregam as pessoas: cafés, associações, atividades lúdicas, etc.;
- criação de Conselhos Pastorais Paroquiais ou Inter-paroquiais.

Nível diocesano
- o senhor Bispo, deve estar mais próximo das comunidades, aparecendo sem aviso prévio e sem ser apenas em dias solenes de festa;
- os bispos devem ter ideias claras dos projetos para as suas dioceses e dar indicações concretas sobre cada assunto;
- o bispos deve exercer com muita diligência a sua missão de vigilante sobre o que os padres ensinam, e sobre as práticas pastorais e litúrgicas de cada espaço pastoral;
- as dioceses devem fazer apresentação de contas claras, para que os fiéis possam saber o resultado dos seus contributos;
- incentivar a participação dos leigos nos diversos âmbitos da pastoral, mas também no social, no cultural, no recreativo, etc.
- apostar na formação de adultos e formação de catequistas;
- avaliação anual do ‘trabalho’ dos movimentos e demais estruturas pastorais, por forma a garantir que os ‘objetivos’ são cumpridos;
- promover encontros inter paroquiais e inter geracionais.

Nível geral

A Igreja deve:
- tornar-se muito mais comunicativa: mensagens curtas e linguagem simples;
- simplificar as suas estruturas tanto nos membros, como nos modos de atuação;
- cada bispo deve ser escolhido pelos sacerdotes da sua diocese, e depois de ter exercido funções paroquiais durante um período de tempo significativo;
- fomentar o diálogo ecuménico e inter-religioso;
- auscultar os fiéis sobre as razões do seu desinteresse e afastamento;
- estar atenta aos mais jovens, em todas as dimensões da sua vida;
- tornar-se cada vez mais credível, através do testemunho dos membros;
- tornar-se mais inclusiva e relacional e menos institucional, ‘abrir os braços’ a todos os excluídos das leis cristãs como homossexuais, divorciados, etc.;
- maior aproximação do pároco à comunidade, criação de mais iniciativas e encontros religiosos, e mais interação entre paróquias e dioceses;
- pedir opiniões, ser mais empática e inclusiva.

 

in Voz de Lamego, ano 92/34, n.º 4665, 6 de julho de 2022

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