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À conversa com o Diácono Vitor Carreira

No próximo domingo, na Sé de Lamego, será ordenado Presbítero o nosso Diácono. Vitor Carreira. Aqui deixamos algumas palavras do futuro sacerdote da nossa diocese, a quem felicitamos desde já.

Para os nossos leitores, quem é o Diácono Vítor?
O Vítor nasceu no seio de uma família humilde e religiosa. Este último fator foi o que me levou, desde muito cedo, à igreja. Recordo-me, com saudade, as vezes que ia à Eucaristia com a minha avó materna. Aliás, foi com ela que eu aprendi as primeiras orações.

Mais tarde, com dez anos de idade, fui interpelado pelo meu pároco, na altura o Pe. José Filipe Ribeiro, para ir para o Seminário. Depois de várias hesitações, fruto de alguns medos e dúvidas, aceitei o desafio. Frequentei o Seminário Menor de Resende e foi aqui que comecei a discernir a ideia de vir um dia a ser sacerdote. Quando falo no Seminário de Nossa Senhora de Lourdes (Resende) recordo-me sempre, para além de muitas coisas, da expressão gravada para parede da capela: “Vem e Segue-Me”. É uma expressão desafiante, se quisermos até provocadora. Foi pelo facto de meditar e rezar esta expressão bíblica que me fui interpelando, sobretudo no último ano do secundário, e que me levou a decidir, com ajuda de Deus, ir para o Seminário Maior de Lamego.

Já em Lamego, dia após dia, fomos desafiados a sair da nossa zona de conforto. Nos primeiros dois anos, com as aulas em Viseu, e nos anos seguintes, em Braga, tivemos oportunidade de conviver com pessoas de outras dioceses, o que se revelou bastante enriquecedor para uma formação mais amadurecida.

Estive nos seminários cerca de treze anos. Muito daquilo que sou hoje devo a estas casas, bem como a todos aqueles que partilharam comigo estes anos. Sempre fui acolhido de braços abertos, sempre me senti apoiado quando precisava.

Como tem sido o teu estágio pastoral?
Os estágios pastorais são fundamentais para o candidato ao sacerdócio. Servem como complemento à formação teórica recebida na faculdade. Servem, acima de tudo, para observar e aprender como as pessoas agem perante diversas circunstâncias. Não importa tanto se fazemos muitas coisas ou não. Importa sim que aquilo que fazemos seja numa perspetiva de olhar para o nosso futuro, como pastores de diversas comunidades.
O meu estágio pastoral tem sido bastante enriquecedor. Em primeiro lugar pelo acolhimento que tive, não só pelos párocos (Pe. Carlos Carvalho e Pe. Francisco Marques), mas também pelas comunidades a eles confiadas. Em segundo lugar porque sou convidado a viver diariamente no seio destas comunidades, o que não acontecia nos anteriores estágios pastorais. Desta forma possibilita-nos uma maior proximidade com as pessoas, nos momentos de festa e alegria, mas também na dor e no sofrimento.
A disponibilidade e entrega devem ser as palavras-chave para aqueles que estão em estágio pastoral: disponibilidade para todo o serviço que for solicitado, seja a nível da catequese, na liturgia ou até visita aos doentes.


A partir da experiência entretanto conseguida, como vês a formação recebida no Seminário e na Faculdade de Teologia?
Tanto a experiência nos estágios pastorais que realizei até hoje, bem como a formação no seminário e na faculdade são importantes para aquele que se sente chamado ao sacerdócio.
Se por um lado na faculdade dedicamo-nos, por exemplo, ao estudoda Sagrada Escritura, do Mistério da Santíssima Trindade, no seminário e nos estágios pastorais temos a oportunidade de viver de forma mais profunda isto mesmo, através da Eucaristia e na convivência com os irmãos.

A formação na faculdade é imprescindível. Sem ela não conseguiríamos reter os conhecimentos necessários para dar resposta àquilo a que somos interpelados no nosso dia-a-dia nas paróquias. Mas por vezes podemos cair na tentação de dar mais valor à questãoacadémica, porque somos alunos e, por isso, avaliados diariamente. O nosso principal objetivo não deve ser o querer colecionar canudos ou diplomas, mas sim em “cultivar, recolher e saber discernir os frutos” que nos são proporcionados,para os aplicarmos no futuro, como sacerdotes.

A formação no seminário é de igual forma fundamental. Recordo a formação que tive no Seminário Interdiocesano em Braga na área da música, na catequese, na liturgia, no património e, mais tarde, nas questões jurídicas, fiscais e administrativas. Já em Lamego, no último ano, a formação recebida foi de cariz mais pastoral, desde a Evangelização, o Direito Sacramental, os Documentos do Magistério, a Doutrina Social da Igreja, a Missiologia…
Todo o tempo de formação é relevante, tanto no seminário, como na faculdade. Há uma relação de complementaridade entre estes dois polos. É preciso, como é óbvio, saber conciliar bem estes fatores.

Uma palavra para os nossos seminaristas e aos que estão a pensar entrar no Seminário?
As minhas palavras para os nossos seminaristas só podiam ser de gratidão e de incentivo: gratidão pelos anos que passamos juntos e que tanto aprendemos uns com os outros, tanto nos bons momentos, como nos menos bons; Incentivo, porque a caminhada do seminário é longa e, por isso, torna-se um pouco difícil. Não é fácil viver diariamente, ao longo de vários anos, com as mesmas pessoas. Por vezes podemos ter a tentação de deixar reinar o egoísmo, a inveja, o orgulho…
No seminário, e em qualquer outro lado, devemos ter sempre presentes todas as dimensões da pessoa: humana, espiritual, intelectual e afetiva. A valorização de uma destas dimensões e, por conseguinte, a desvalorização de outras é um erro na nossa formação rumo ao presbiterado.

Contudo, a oração deve ser sempre o centro da vida de um seminarista. É através dela que conseguimos “gerir” todas estas dimensões: foi e é na oração que encontro a força e a coragem para continuarno caminho que o Senhor traçou para mim; foi na oração que cheguei à conclusão que não estaria a agir bem, em certas circunstâncias; foi na oração que, muitas vezes, encontrei motivação para o estudo.
Devemos também olhar sempre para a Mãe do Senhor como um modelo para nós, que apesar das dúvidas e receios disse: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). É importante olharmos para o sim de Maria como uma entrega total da sua vida, sem entraves, sem mas…Também a nossa vida deve ser pautada pela entrega, disponibilidade e serviço.
Para todos os que possivelmente vierem a entrar no Seminário, a palavra-chave é arriscar. Ter dúvidas e receios sempre foi natural no ser humano, porém com fé e confiança n’Aquele que nos envia tudo é mais fácil. “Não tenhais medo”.

in Voz de Lamego, ano 88/30, n.º 4467, 26 de junho de 2018

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