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Festa de Nossa Sra dos Remédios

A Novena de Nossa Senhora dos Remédios, que decorreu no Santuário, de 30 de agosto a 7 de setembro, é uma das celebrações religiosas e culturais mais importantes de Lamego. Sendo um dos pontos altos das festas em honra da padroeira da cidade reúne milhares de fiéis, peregrinos e visitantes pela madrugada.
Durante os nove dias que antecedem o 8 de setembro, data dedicada à Natividade de Maria, são celebradas missas, recitação do terço, procissões e outros atos litúrgicos que compõem a Novena.
Mais do que uma expressão religiosa, este é um tempo de encontro, oração, reflexão e tradição, profundamente enraizado na identidade do povo lamecense.
Este ano a Novena teve como tema: No Jubileu da Esperança, Com Maria, Peregrinamos na Alegria e na Confiança”.
Entre tantas histórias de fé vividas durante a Novena de Nossa Senhora dos Remédios, São Carvalho, devota de longa data, relata com gratidão que, este ano, a sua participação teve um significado especial: vem por promessa.
Um problema de saúde recente levou-a a recorrer à intercessão de Nossa Senhora dos Remédios. “Pedi ajuda com muita fé, e Ela tem-me abençoado muito”, afirma com emoção. É por isso que, neste ano, a sua presença na novena tem um sabor ainda mais profundo de devoção e agradecimento.
Movida por uma fé enraizada, São Carvalho já costumava participar da Novena em anos anteriores. Mas agora, retorna com o coração cheio de gratidão, reconhecendo a graça recebida. “É a minha forma de agradecer e continuar a pedir força”, conta.
Entre muitos outros rostos que marcam presença na Novena, César Carvalho, vem do concelho de Tarouca e participa, há 15 anos, nos nove dias da Novena, faltando apenas em raras ocasiões, por motivos de força maior.
Embora tenha crescido encantado com o ambiente festivo da Romaria, com o passar dos anos começou a valorizar de forma especial a sua dimensão espiritual, destacando o simbolismo do escadório, dos degraus de granito e da subida até à Capela de Nossa Senhora.
“Hoje, com a minha mulher, e quando possível também com as minhas filhas, participo na Novena, não por promessa, mas simplesmente como peregrino, como que aceitando um desafio pessoal que formulo intimamente, como uma espécie de retiro espiritual”.
A sua fidelidade a este momento de oração é movida por uma fé sólida e vivida com alegria e pela “convicção de que Jesus e a Mãe do Céu gostam das nossas visitas”.
César Carvalho acredita que “no silêncio e na paz das madrugadas, vencendo o cansaço físico, as noites mal dormidas e os frios das madrugadas entregamo-nos inteiramente a Deus, oramos em comunidade e agradecemos o dom da vida, as conquistas pessoais, da família e dos amigos”.
Este peregrino descreve cada dia da Novena como um desafio superado e cada regresso a casa como uma vitória espiritual. “No final de cada novena, é a paz e a alegria que nos preenchem, transportamos o ânimo e a força para o caminho e fica a determinação no regresso”, sublinha.
Outro exemplo de devoção e fé é Filipa Mesquita que, há cerca de 8 anos, não perde um momento da Novena. Sobe e desce todas as madrugadas o escadório para estar presente, ao frio e de pé, mas diz gostar muito. “Sinto-me bem em estar aqui. É um esforço que compensa e que esqueço facilmente, pois esta oração parece que lava a alma. Vou daqui renovada”, relata.
No 8.º dia da Novena, a Nossa Senhora dos Remédios, acompanhada por um mar de gente, desce à cidade, em procissão, para a Igreja das Chagas.

Dia da Padroeira recebe centenas de peregrinos na Eucaristia

O dia 8 de setembro é especial para a cidade de Lamego e para todos os devotos de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira que inspira fé, devoção e esperança há gerações.
Neste dia, celebra-se com grande solenidade a Eucaristia em honra da Mãe dos Remédios que reúne centenas de fiéis, muito deles peregrinos que trouxeram a Nossa Senhora as suas promessas e agradecimentos.
Mais do que uma tradição, a Missa do dia 8 é um verdadeiro encontro de fé. Durante a homilia, o Bispo de Lamego, deixou um apelo, sublinhando que o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios “é património material. Temos de velar por ele com o carinho que merece e com o dever que todos temos, a começar pelas nossas autoridades”.
D. António Couto explicou que “este Santuário está com alguns problemas e nós precisamos deste Santuário belo e edificado para podermos venerar melhor a Nossa Senhora dos Remédios”.
O Pastor da Diocese de Lamego recordou o nascimento da Virgem Santa Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, destacando-a como um exemplo de mulher de fé.
Sublinhou a importância da Cripta da Igreja de Santa Ana, em Jerusalém, local do nascimento de Maria, um lugar “que convida a descer ao lugar em nós que ninguém vê, só Deus”. Aos fiéis deixou um apelo “quando rezares, deres esmolas e jejuares faz na Cripta, onde ninguém vê. Onde não se batem palmas ocas. Onde estamos a sós com Deus”.
D. António Couto reitera que “temos, como Maria, que nos dedicar a Deus”, pois “encontramo-nos pouco com Deus” (..) Deixemos que Deus insira no nosso coração sementes novas. Novos rumos que o nosso mundo tanto precisa”.

Multidões aguardam andor da Senhora dos Remédios

O ponto alto das festividades acontece no dia 8 de setembro com a solene Procissão do Triunfo, na qual a imagem de Nossa Senhora dos Remédios, conduzida num andor ricamente ornamentado e acompanhada por 14 crianças, percorre as principais ruas da cidade, acompanhada por outros andores, bandas filarmónicas, figuras bíblicas e de santos e uma multidão emocionada.
Tendo como tema “No Jubileu da Esperança, Com Maria, Peregrinamos na Alegria e na Confiança”, a procissão teve como 1.º andor São Carlo Acutis, o Apóstolo da Internet, cuja canonização, pelo Papa Leão XIV, aconteceu dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
A acompanhar este andor estiveram dezenas de jovens, com a imagem de Carlo Acutis na t-shirt, um símbolo de renovação da Igreja e um sinal de que Maria continua a chamar os jovens, conduzindo-os a Jesus, como fez com Carlo, como faz com todos os que a seguem com fé.
O 2.º andor foi dedicado a Santo Estêvão, o Primeiro Mártir, o 3.º Andor teve como tema São Sebastião e Santo Agostinho, Padroeiros da Diocese de Lamego, o 4.º andor representou a Assunção de Nossa Senhora, Padroeira da Catedral.
O 5.º e mais aguardado dos andores foi o de Nossa Senhora dos Remédios, Padroeira de Lamego.
Antes do andor desfilaram cerca de 100 mulheres vestidas como a padroeira. Com mantos azuis e rosa, e com o Menino Jesus ao colo e, noutros casos, os próprios filhos, estas mulheres desfilaram com devoção pelas ruas da cidade, emocionando fiéis e peregrinos.
Este gesto expressivo de fé é uma forma de homenagem viva e visual à Virgem dos Remédios, reforçando o vínculo entre o povo e sua padroeira. Para muitas dessas mulheres, vestir-se como Nossa Senhora é um ato de gratidão, devoção ou o cumprimento de uma promessa.
Gravelina Silva foi uma dessas figuras que encheram as ruas de simbolismo.
Há quatro anos, devido um problema nos joelhos, recorreu à intercessão da Senhora dos Remédios e fez-lhe uma promessa: se melhorasse, participaria da procissão vestida como Ela. A graça foi alcançada. “Tenho andado muito bem” e, desde então, nunca mais deixou de cumprir o seu gesto de gratidão e fé. “É um consolo ir na procissão. Esquecemos tudo”.
No ano passado, nem um problema de tonturas a demoveu de participar. “Gosto muito de ir”.
Devota assumida de Nossa Senhora dos Remédios, Gravelina Silva encontra na sua fé um refúgio e uma força. “Há muita devoção. A Senhora nunca nos abandona”, diz, com os olhos a brilhar de emoção.
Todos os anos, Mariana Lopes vem do Porto participar na procissão. São cerca de 130 quilómetros feitos com alegria e fé, como parte de uma promessa que já cumpre há alguns anos.
“A primeira vez que vim foi por causa da minha mãe, que estava muito doente. Prometi que, se ela melhorasse, viria participar na procissão. Ela melhorou e, desde então, nunca mais deixei de vir”, conta, com voz serena e emocionada.
Para Mariana, a distância não é obstáculo, mas parte da caminhada espiritual. Vem sempre acompanhada do marido e, quando possível, também dos filhos. “É o nosso retiro familiar. Aqui encontramos paz, silêncio e o conforto que só a fé dá”.
Mesmo sendo de longe, sente-se em casa sempre que chega a Lamego. “A cidade acolhe-nos com carinho. Há algo de especial aqui. Sente-se a presença de Nossa Senhora em cada detalhe. Não há palavras”.
A presença destas mulheres reforça que a devoção à Nossa Senhora dos Remédios permanece viva, intergeracional e profundamente enraizada no coração do povo, transformando a Romaria numa verdadeira celebração de fé partilhada.

Carlo Acutis canonizado no Vaticano

Um adolescente italiano, nascido em Londres, que morreu aos 15 anos, Carlo Acutis, foi canonizado, dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, no Vaticano, pelo papa Leão XIV, como o primeiro santo millennial da história da Igreja Católica.

Nascido em Londres (Reino Unido) em 3 de maio de 1991, onde o pai trabalhava, Carlo Acutis e a família regressaram nesse mesmo ano a Itália, de onde eram originários, e onde frequentou a escola primária.
Ao longo da sua vida sempre demonstrou uma profunda devoção à Eucaristia. Participava da Missa todos os dias e fazia uma "comunhão espiritual" nos dias em que estava ocupado com os estudos. Frequentemente realizava pequenos sacrifícios em reparação pela falta de amor demonstrada a Jesus na Eucaristia e contava histórias sobre isso aos seus amigos. “A Eucaristia é minha auto-estrada para o céu" foram palavras suas que se tornaram famosas.
Após o ensino fundamental, matriculou-se no clássico Instituto Leone XIII, em Milão, fundado pela Companhia de Jesus. Além das suas atividades escolares, foi catequista na sua paróquia, Santa Maria Segreta, em Milão, onde aprendeu a projetar e criar páginas web enquanto trabalhava no site da paróquia como um aluno de engenharia da computação. Desenvolveu tamanha paixão por esse tipo de trabalho que, no verão de 2006, projetou um site para um projeto de promoção do voluntariado na sua escola e trabalhou na página da Pontifícia Academia Cultorum Martyrum, da qual sua mãe participava. Ele também usou o computador para criar um layout para a oração do Rosário.
Carlo era um adolescente alegre e extrovertido, de bom coração. Não escondia a sua fé e o seu amor por Jesus. Estava sempre disposto a ajudar um colega necessitado e era amigo dos pobres da sua vizinhança, dando-lhes parte de sua mesada quando pediam ajuda. Ele costumava dizer: "Estar sempre perto de Jesus, esse é o meu projeto de vida". Enquanto passava parte das férias de verão em Assis (Perúgia), adotou a espiritualidade franciscana de alegria, contemplação e respeito pela criação, busca pela paz e proximidade com os mais necessitados.
Em outubro de 2006, foi diagnosticado com uma forma agressiva de leucemia. Em poucos dias, a sua saúde piorou. Ele ofereceu o seu sofrimento ao Santo Padre, pelo bem da Igreja e pela esperança de ir para o céu. Após ser internado no Hospital San Gerardo, em Monza, recebeu o Sacramento da Unção dos Enfermos. Em 12 de outubro de 2006, aos 15 anos e 5 meses, Carlo faleceu.
O seu corpo foi sepultado inicialmente no túmulo da família em Ternengo (Biella) e, posteriormente, transferido para o cemitério de Assis. Há alguns anos, ele é conservado no Santuário do Despojamento, na mesma cidade de São Francisco, onde é exposto à veneração de um grande número de fiéis provenientes de todo o mundo.
Este jovem ganhou notoriedade por divulgar milagres e ensinamentos religiosos na internet, sendo reconhecido como um verdadeiro "influenciador de Deus".
Beatificado em 2020 após a atribuição de seu primeiro milagre, a cura de uma criança brasileira de uma doença congénita no pâncreas, Carlo Acutis também é conhecido como o “santo padroeiro da internet” por unir fé e tecnologia.
O reconhecimento do segundo milagre é crucial para a canonização. Segundo o Vaticano, uma jovem na Costa Rica foi milagrosamente curada após um acidente, atribuindo a sua recuperação à intercessão de Carlo Acutis. Esta confirmação pelo papa Francisco permite que Carlo seja oficialmente reconhecido como santo.
A canonização estava prevista para abril, mas foi adiada, devido à morte do papa Francisco.
A cerimónia de canonização, no Vaticano, dia 7 de setembro, realizada ao ar livre, contou com a presença de milhares de fiéis de todo o mundo, sobretudo, jovens devotos de Acutis, e foi um momento histórico para toda a Igreja.

 

Cármina Fonseca, in Voz de Lamego, ano 95/41, n.º 4818, de 10 de setembro de 2025

 

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