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Celebração da Missa Crismal, na Sé de Lamego, a 5 de outubro

Uma vez que a cronologia de Deus é diferente da nossa, permite que o decorrer da nossa história e o discorrer dos acontecimentos que nela têm lugar se realizem fora de tempo sem acontecerem fora de Deus. Este ano particularmente atípico que estamos a viver deu-nos inúmeras provas disso mesmo.
Exemplo disso, foram as Missas Crismais, que teríamos querido celebrar no passado dia 9 de abril, mas que o confinamento a que todos estávamos obrigados, por força da pandemia Covid-19, não nos permitiu fazê-lo em dia de Quinta-feira Santa, de manhã, como acontece todos os anos. Aconteceu assim em todas as dioceses do nosso país. No entanto, logo que a Igreja em Portugal começou a retomar as celebrações eucarísticas, os bispos portugueses com os seus presbitérios foram arranjando datas significativas e formas seguras de celebrar esse dia particularmente importante para o sacerdócio ministerial.

Na nossa diocese, o dia considerado oportuno para tal celebração foi o passado dia 5 de outubro. Não apenas por ser feriado civil e permitir uma maior disponibilidade de todos os sacerdotes, mas, sobretudo, por ser um dia em que, desde há muitos anos em Lamego, os sacerdotes se reúnem para a Assembleia Anual do Clero.
Às 10h30, teve início a Eucaristia, presidida por D. António Couto. Com ele, cerca de quatro dezenas de sacerdotes, preencheram quase a totalidade dos lugares disponíveis no corpo da igreja mãe da diocese. Alguns fiéis leigos, em reduzido número, quiseram também tomar parte na celebração.

Na homilia, D. António usou como pano de fundo a nova Encíclica do Papa Francisco, «Fratelli Tutti», assinada sobre o túmulo de São Francisco de Assis, no sábado, 3 de outubro, e disponibilizada no dia seguinte, 4 de outubro, memória litúrgica do santo de Assis. Mais do que números, precisamos de olhar para cada pessoa. Neste tempo de pandemia sobrevêm sobretudo os números e as percentagens, de infetados e de mortes, mas cada pessoa conta, como filho de Deus, que é Pai, e por isso todos irmãos. Se tiramos Deus do nosso mundo não há espaço para a fraternidade. Somos todos irmãos porque temos o mesmo Pai. Já muitos tentaram tirar da equação a fraternidade, deixando apenas a liberdade e a igualdade. Mas sem fraternidade não é possível nem a liberdade nem a igualdade. “A fraternidade é o fundamento da igualdade e da liberdade”. A fraternidade é o cimento que faz com que seja possível a igualdade e a liberdade, e que seja possível um mundo em que as pessoas contem, não como números, mas como pessoas, como irmãos e irmãs, sejam velhinhos ou sejam novos, sejam ricos ou pobres. Um dos sublinhados do nosso Bispo foi que Deus não se revela na interioridade, ao jeito do que diz Santo Agostinho, ou na natureza, nos animais ou nas plantas, nos livros, mas revela-Se nos pobres, no rosto dos pobres. É dessa forma que podemos encontrar e amar Deus.

Por outro lado, sublinhou, por mais de uma vez, que não são os currículos que nos definem como cristãos, padres ou bispos, ou fiéis leigos, mas precisamente o que nos define é o cuidado e o serviço aos irmãos, aos mais frágeis. Deus não nos pergunta pelo currículo. Vivemos com a preocupação de apresentarmos currículos, mas Deus pergunta-nos pelos pobres, pelo amor e cuidado aos outros, se agimos ou não como irmãos uns com os outros. É nos pobres que Deus Se revela, é neles que O podemos encontrar e servir.
D. António convidou-nos a cuidar dos mais frágeis, dos nossos velhinhos que estão nos lares, abandonados e esquecidos, e a rezarmos uns pelos outros. Aos sacerdotes, com o seu Bispo, a oração que une e congrega, pedindo a oração dos fiéis leigos.

Com toda a liturgia própria da Missa Crismal de Quinta-feira Santa, os sacerdotes viveram, a seguir à homilia do senhor Bispo, um dos momentos singulares desta Eucaristia: a renovação das promessas sacerdotais. De forma clara e comprometida, pelas respostas afirmativas que deram aquele a quem outrora prometeram reverência e obediência, os sacerdotes presentes reiteraram a vontade de viver mais intimamente unidos e configurados com Cristo, fiéis aos compromissos assumidos no dia ordenação sacerdotal, e a vontade de permanecerem dignos dispensadores dos mistérios de Deus e dedicados à pregação, movidos apenas pelo interesse na salvação das almas. Também ao povo ali presente foi pedido que rezasse pelos presbíteros que o servem e pelo seu bispo, para que se mantenha fiel ao ministério apostólico e se configure cada vez mais com Cristo, Bom Pastor e Servo de todos.

O outro momento específico desta Eucaristia é a bênção dos Óleos, que irão tornar presente a ação do Bispo nas paróquias, aquando da administração dos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Unção dos Enfermos, pelos sacerdotes. E servirão igualmente para os três graus da ordem, dispensados diretamente pelo Ordinário.

O primeiro a ser benzido foi o óleo dos enfermos, imediatamente antes da doxologia. Este óleo destina-se à unção dos doentes, que através dele encontrarão alívio e consolação em todas as suas dores, fraquezas e doenças, tanto do corpo como da alma. Logo depois da oração pós-comunhão, foi benzido o óleo dos catecúmenos, usado nos batismos, confere aos catecúmenos a fortaleza e a sabedoria do alto, dando-lhes a graça da adoção divina e a graça de renascer e viver na Santa Igreja de Deus. Por último, foi feita a consagração do óleo do crisma, ao qual são adicionados perfumes e é soprado pelo bispo, que de seguida inicia a oração de consagração, e a meio da mesma os presbíteros são convidados a estender a mão direita, para a epiclese.

Terminada a Eucaristia fica igualmente renovada a alegria do (re)encontro sacerdotal e a certeza feliz da comunhão presbiteral, e do presbitério com o seu bispo.

 

Pe. Diamantino Alvaíde, in Voz de Lamego, ano 90/43, n.º 4578, 6 de outubro de 2020

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