Arciprestado de Lamego: A caridade no coração da catequese

Foi este o tema que juntou cerca de 60 catequistas do arciprestado de Lamego no Seminário maior, no sábado dia 4, entusiasmados por se encontrarem (reencontrarem, quase todos !)  para passar a manhã em ambiente de aprendizagem, oração e louvor a Deus.

E foi orando que iniciamos os trabalhos , preparando-nos espiritualmente para o Encontro com Ele.

Assumindo e testemunhando a CARIDADE como indissociável da vida cristã, caridade e catequese são também inseparáveis.

Como integrar esta realidade na catequese ministrada nos dias de hoje em diferentes registos sociais, económicos e familiares foi o desafio que tentamos ultrapassar com a preciosa ajuda do P. Ângelo, do P. Aniceto e do P. José Fernando; á mesa presidiram o Sr Cónego Assunção e o Sr Cónego Melo.

Com o P. Ângelo relembramos que Deus é ALEGRIA; é o nosso Melhor Amigo, Companheiro, Protetor de todas as horas; acima de tudo o objetivo da catequese deve ser fazer sentir ás crianças e jovens  que Deus é o seu grande confidente, Aquele que nunca os abandona, que os ama em qualquer circunstância, que está sempre ao seu lado.

Estabelecido este laço entre o catequizando e Deus, uma grande meta foi já atingida na nossa catequese.

Com o P. Aniceto exploramos o conceito de Nova Evangelização e a necessidade de permanecer em estado de constante conversão, de constante acolhimento da Palavra e de constante divulgação da Boa Nova, pois, mais do que negado, Deus é hoje na sociedade ocidental ( criada sobre raízes cristãs !) um DESCONHECIDO , fazendo com que a procura espiritual inerente ao ser humano se desvie para as respostas do prazer imediato ( satisfação puramente dos sentidos – hedonismo; material/económico; exotérico; seitas, etc) ou fique sem resposta com as consequentes angústias e problemas psicológicos que tão frequentes se tornaram.

Lembrando um antigo slogan turístico ( Vá para fora cá dentro! ), o cristão tem que ser missionário, não em África ou no Oriente, mas na Europa, nos países “ditos” católicos, mas onde a indiferença grassa.

E cada vez que estamos a ser “missionários cá dentro”, a nossa Fé, a nossa Alegria e a Paixão com que o fazemos , são o verdadeiro testemunho do Amor de Cristo e da Caridade para com o outro, que as crianças e jovens fixam e que os leva a ACREDITAR.

O P. José Fernando trouxe-nos um conceito inovador , o do catequista como agente da Pastoral da Saúde. Estranho ?

Recente e pouco conhecida, vale a pena lembrar que a Pastoral da Saúde foi criada em Fevereiro de 1985 pelo  Santo Papa João Paulo II, e definida como ” A ação evangelizadora da Igreja no mundo da saúde através da atuação da presença libertadora, curativa e salvífica de Cristo, pelo poder do Espírito Santo.”

Pois se Deus é necessário na nossa vida em todos os momentos, muito mais o é quando estamos doentes ou abatidos, física ou psicologicamente ( ou quando o próximo o está !).

Não podemos fazer da SAÚDE o nosso novo deus ( e já é quase  mais um ídolo moderno…), mas temos a obrigação cristã de fazer o possível por manter sãos corpo e mente, que são o templo do Espírito, e de ajudar o próximo a fazê-lo também.

A aceitação de todos os estados da vida e da sua fragilidade ( doença, sofrimento, angústia, ansiedade, etc) não nos deve tornar indiferentes, mas levar-nos sempre a agir como instrumento divino na vida do outro, procurando ajudar, aliviar, apoiar, ensinar, curar se possível.

A catequese , como fonte de educação comprometida com a Fé, pode e deve alertar para os procedimentos conducentes á saúde física e mental, e à manutenção da harmonia com o meio ambiente, mas também para os cuidados devidos aos idosos, doentes, carentes de afeto ou atenção, em particular na família, por vezes esquecida precisamente por estar tão perto!

Muito mais haveria a dizer sobre este encontro em que o tempo passou a correr e a aprendizagem foi tão grande, mas deixo apenas este pequeno testemunho que, espero, alicie muita gente para próximas formações onde, mesmo quem já sabe tudo, vem aprender, e muito…

A oração final , seguida do convívio à volta da mesa encerraram os nossos trabalhos.

O agradecimento de todos os participantes a quem tanto se esforçou e trabalhou para nos proporcionar este tempo tão agradável, em particular ao reitor do Seminário , P. Joaquim Dionísio, aos “seus” ( nossos ) seminaristas, à D. Lurdes, D. Isabel e D. Maria José.

Fomos muito bem acolhidos na que é também um bocadinho ” a nossa casa”. OBRIGADA.



IM, in Voz de Lamego, ano 87/49, n.º 4435, 7 de novembro de 2017

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