Alexandra Ribeiro
Foi com profunda tristeza que recebi a notícia da morte do Papa Francisco, Homem tão acarinhado por todos nós. Amou sem exceções a todos, todos, todos para um mundo mais justo e empático. Pessoalmente o que mais me tocou foi a JMJ em Lisboa, onde tive a oportunidade de o ver bem pertinho de mim e é uma das melhores sensações que levo para a vida, o olhar terno com que ele se direcionava para a multidão jovem. O papa Francisco deixa-nos um legado positivo, procurou colocar a Igreja no lugar dos pobres e dos oprimidos contribuindo para a paz entre diferentes culturas. Como Ele disse “Se o mal é contagioso, o bem também é. Deixemo-nos contagiar pelo bem!”, que no futuro pratiquem o bem para um mundo mais digno e com mais amor, como o Papa Francisco nos habitou!
Sara Vingadas
“Chateiem-se o quanto quiserem, mas façam as pazes antes de terminar o dia, porque a guerra fria do dia seguinte é muito perigosa”, disse o Papa Francisco.
Que nunca nos esqueçamos do que é realmente importante: o amor. O amor pela nossa cara metade, pelos nossos pais, filhos ou amigos. Nenhum mal-entendido ou discussão deve prevalecer ou sobrepor-se ao amor que temos a quem nos é querido. E que tenhamos todos mais empatia pelo próximo. A importância de ter empatia com todos quantos o nosso caminho se cruza, de ver mais além, de perceber atos e palavras que à partida seriam para nós estranhos, ofensivos, repugnantes.
Depois do Papa Francisco, e de todos os seus ensinamentos, o mundo é com certeza um lugar melhor.
Patrícia Maravilha
“O único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo: quando queremos ajudá-la a levantar-se” (Papa Francisco).
O Papa Francisco transmitiu-nos uma poderosa mensagem sobre humildade e empatia. A verdadeira grandeza não está em colocarmo-nos acima dos outros, mas em estendermos a mão a quem caiu. Olhar de cima para baixo deve ser um gesto de compaixão, não de julgamento. Quando escolhemos ajudar, transformamos a superioridade aparente em solidariedade verdadeira — e é nesse ato que nos elevamos, juntos.
Mariana Matias
"As famílias discutem. Por vezes, há pratos que voam. Os filhos causam dores de cabeça. A família tem dificuldades. Mas essas dificuldades superam-se com o amor. A divisão dos corações não supera nenhuma dificuldade. Dou-vos um conselho: nunca terminem o dia sem fazerem as pazes na família".
Perdemos todos. Todos. Todos.
Perdemos um dos maiores.
Aquele que não teve medo de amar a todos.
Incluir a todos.
Orar por todos.
Voou uma pomba da paz.
Uma fonte de vida”.
Milene Geada
A 14 de outubro de 2023, na cidade do Vaticano, o Papa Francisco disse às crianças que os adultos têm muito a aprender com os mais pequenos, transmitindo a importância da simplicidade, da inocência e da visão de mundo que elas possuem, e que muitas vezes os adultos se esquecem. As crianças são lembranças de valores importantes, como a humildade, a verdade, o respeito pela natureza e a capacidade de amar.
“Sois sábios, tendes corações puros, não tendes preconceitos. Dizeis a verdade na cara (…) Sem perceberdes, ajudais os adultos que sabem ouvirmos e, em especial, ajudais os vossos pais a viver de maneira mais honesta e generosa. Vós, crianças, sabeis dar o devido valor aos momentos da vida: o estudo, a oração, a diversão, as brincadeiras sozinhas, com os amigos e com os pais; e eu espero muito que os pais consigam encontrar tempo para brincar convosco. Além disso, ajudais os adultos a permanecerem humildes”; “Aprendamos com meninos e meninas” (Papa Francisco).
Mara Santos
Francisco, até ao fim
Na véspera da sua morte, o mundo viu um homem encurvado pela dor, mas de pé pela fé. O Papa Francisco, com o rosto marcado pelo cansaço e os gestos desacelerados pelo peso dos anos, atravessou a Praça de São Pedro. Não o fez por protagonismo. Fê-lo por amor.
Deixou-se ver no papamóvel, com os olhos cerrados ao vento da dor, mas o coração escancarado à esperança da Ressurreição. Celebrava a Páscoa como quem carrega a própria cruz, não por imposição, mas por escolha. Escolheu continuar. Escolheu, mesmo cansado, abençoar o mundo. Escolheu dizer, com o corpo inteiro: “Não tenham medo. A missão vale a dor.”
Ali, diante de milhares, ele foi como o Cristo que, mesmo traído, mesmo humilhado, mesmo pregado, não desiste de amar. Francisco sabia que a cruz não é um símbolo de derrota, mas de entrega. E, naquela praça, ofereceu-se mais uma vez, silencioso, humilde, verdadeiro.
Não precisava falar. A sua presença doía mais que qualquer palavra. Mas, ainda assim, murmurou: “Feliz Páscoa”. E deixou que outro lesse a mensagem. Porque o corpo falhava, mas a alma ainda gritava evangelho.
Francisco partiu como viveu: com passos curtos e gestos largos de compaixão. Como Cristo, não recuou. Cumpriu. Até ao fim.
Ricardo da Fonseca
Francisco, o homem que pediu terra.
Morreu o Papa. E não, o mundo não parou.
Não, não foi apenas um homem que partiu, foi uma tentativa, creio que, quase desesperada, de diálogo com o abismo. Os sinos dobraram, mas o ruído do mundo abafou-lhes o lamento: a bolsa abriu, o trânsito engarrafou-se, e as redes sociais continuaram a sua coreografia frenética de banalidades. Os jornais não tinham mãos a medir com a notícia. Vivemos numa era de "likes" sem luto. Onde a tristeza só é permitida se for fotogénica.
O Papa Francisco foi, talvez, o último pastor que tentou conduzir um rebanho que já se alimenta de algoritmos e caminha com olhos vidrados nas luzes dos ecrãs. Não prometeu céu, nem ameaçou inferno. Ofereceu apenas uma fé descalça, feita de humanidade, inquietação e ternura.
Um velho argentino, de passos curtos, pulmões cansados e alma inquieta, a arrastar pela lama dos nossos dias uma cruz de palavras simples: compaixão, justiça, misericórdia... enquanto o mundo fazia scroll, como quem ouve um violinista em pleno concerto de buzinas. Foi um pontífice em contramão de uma humanidade que perdeu o pulso da esperança e tenta compensar com likes e sarcasmo.
Este homem de gestos lentos e de palavras que doíam por serem verdadeiras, não era apenas um representante de algo superior. Era um teimoso. Um teimoso com fé. Um velho cansado, de joelhos feridos pela oração e pela política, a segredar ternura num tempo que só ouve gritos.
E isso, talvez, tenha sido o seu maior milagre: tentar amar uma humanidade que já se esqueceu de se perdoar a si mesma.
No fundo, tentou ser farol numa era de lanternas LED: úteis, descartáveis, automáticas. Falava baixo, como quem respeita o silêncio alheio, mas o ignoravam; o mundo ouve gritos, não murmúrios. E agora que a sua luz se apagou, o escuro não causa espanto, porque vivemos na era dos falsos profetas, dos gurus com cursos online e milagres em três prestações.
Independentemente do meu combate com a ideia de "Fé", há uma imagem dele que me ficou gravada: sozinho na Praça de São Pedro, em plena pandemia, num dia de chuva. Não estava ali a Igreja, nem o Vaticano, nem os séculos de dogma. Estava ali um homem. Um homem só, que se levantou entre as colunas do medo e gritou em silêncio por empatia. Como um pastor que já não vê o rebanho, mas ainda acredita que vale a pena chamá-lo.
Num mundo de megafones, perdemos alguém que ousava sussurrar e que, num tempo de dedos em riste, ainda juntava as mãos.
Agora, morto, pediu terra. Não relicários, não túmulos de mármore, nem capelas douradas. Terra, somente... como quem devolve ao pó a fé de que somos feitos. Que forma bonita de cair, como quem diz “que me cubram de humanidade, não de glória!”.
No resto de tudo, o Papa Francisco não foi mártir, santo ou profeta.
Foi pior: foi lúcido.
E isso, neste mundo, é imperdoável.